
Como o herói, que, portador do germe da inquietação herdado de sua descendência híbrida, atravessa todo um rito iniciático em busca da gnôsis, do autoconhecimento, também o poeta atravessa seu rito próprio: seu processo de criação. Impossível medir o território estendido sob o véu da noite psíquica em que se encontram imersos herói e poeta ao longo da realização de seu uróboro. Já a Ilíada de Homero é fruto da tessitura artística de elementos tomados às mais diversas fontes: ingeridos lentamente, demoradamente digeridos, intimamente gestados e incorporados a cada célula. Esta é a katábasis empreendida pelo poeta: seu rito solitário de morte, condição sine qua non para sua anábasis. Conscientizados de sua moîra, herói e poeta compactuam com Thánatos, a quem se entregam voluntariamente, com-vivendo com a morte para retornarem, renovados, à vida.
Solo fértil ad infinitum, o mergulho nas nossas origens greco-latinas é, ainda hoje, promessa de um retorno criativo em que os elementos buscados ressurgem outros, novos e, ainda, de alguma forma, os mesmos.
Idioma: Português

Solo fértil ad infinitum, o mergulho nas nossas origens greco-latinas é, ainda hoje, promessa de um retorno criativo em que os elementos buscados ressurgem outros, novos e, ainda, de alguma forma, os mesmos.
Idioma: Português

0 comentários:
Postar um comentário